Dos cerca de 28 milhões de habitantes da Amazônia Legal, 76% vivem em cidades. Evitar que a floresta atinja o ponto de não retorno depende da transição para um novo modelo econômico na região, em que o desenvolvimento sustentável das cidades e a economia da floresta em pé andem juntos.

Para tanto, as cidades amazônicas precisam contar com apoio para sanar deficiências estruturais enquanto enfrentam o avanço da crise climática. Incluem-se aí o fortalecimento das capacidades institucionais para planejamento, estruturação de projetos e a captação de recursos, a oferta de financiamento climático com requisitos condizentes com a realidade dos municípios e a promoção de um desenvolvimento urbano adequado ao contexto local.

É isso que reivindicaram cerca de 20 prefeitas e prefeitos da região durante o Encontro de Prefeitas e Prefeitos da Amazônia Legal no dia 23 de abril em Belém. Realizado pela Coalizão pelo Desenvolvimento Urbano Sustentável da Amazônia Legal (DUSA) iniciativa coordenada por GIZ, FNP e WRI Brasil, o evento reuniu lideranças da Amazônia Legal e do governo federal com o objetivo de construir uma agenda comum para o desenvolvimento urbano sustentável da região.

A estrada até a COP30 em Belém

As ações fazem parte do plano articulado pela DUSA rumo à COP30, que ocorre em Belém em novembro deste ano. No encontro, foi apresentada a primeira versão de uma carta de reivindicações das lideranças municipais amazônicas frente à realização da primeira Cúpula do Clima na região. O documento clama que a conferência seja “uma janela de oportunidade para a estruturação de uma agenda comum, multinível, intersetorial, nacional e internacional para o desenvolvimento urbano sustentável da Amazônia, baseado nas pessoas”.

“É imprescindível que as cidades amazônicas estejam no centro da construção de soluções e políticas para a região”, afirma o documento. A governança climática integrada demanda a prática do Federalismo Climático, com cooperação entre os diferentes níveis de governo.

lara caccia, coordenadora de adaptação urbana do wri brasil
Lara Caccia (WRI Brasil) participou de sobre perspectivas de cidades amazônicas na agenda do clima (foto: Prefeitura de Belém)

O evento contou com a posse da nova diretoria da Comissão Permanente de Cidades Amazônicas (CCA), incluindo o prefeito de Belém, Igor Normando, como presidente, e Arthur Henrique (Boa Vista/RO) e Patrícia Alencar (Marituba/PA) como vice-presidentes. Também foram realizados painéis sobre boas práticas em gestão ambienta urbana, desafios do financiamento climático. A coordenadora de Adaptação Urbana do WRI Brasil, Lara Caccia, participou do Perspectivas: as cidades amazônicas no centro da agenda do clima, representando a DUSA.

Um futuro próspero e sustentável para a Amazônia Legal

O WRI Brasil tem demonstrado junto a parceiros os benefícios da transição para uma nova economia para a região, da floresta em pé e dos rios fluindo. Essa transição depende da bioeconomia, mas também do desenvolvimento sustentável das cidades.

A Coalizão DUSA foi lançada no Fórum das Cidades Amazônicas em agosto de 2023, e teve sua carta de princípios assinada na COP28, em Dubai. Em 2024, o WRI Brasil apoiou a criação e o lançamento do Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém, iniciativa em parceria com a Prefeitura de Belém e a Universidade Federal do Pará para fomentar a bioeconomia e a economia criativa por meio da requalificação e da transformação do centro histórico da cidade em um ambiente voltado à inovação e à valorização dos saberes locais.